A voz da indignação e do compromisso ecoou forte durante a IV Assembleia Potiguar do Clima, realizada nesta terça-feira (25), no Campus Ipanguaçu do IFRN. O secretário municipal de Meio Ambiente de Carnaubais, biólogo de formação, fez um pronunciamento contundente sobre o abandono da produção agrícola no Vale do Açu e a destruição da vegetação nativa da região.
“É muito grave o que fizeram com o nosso município e com o Vale do Açu. É triste ver a várzea sem produzir. Onde antes havia vida e colheita, hoje há abandono”, declarou o secretário.
Segundo ele, o tabuleiro do município hoje abriga três áreas de assentamento rural Irmã Dorothy, Rosa Luxemburgo e Margarida Alves, mas falta apoio efetivo para produzir dentro dessas áreas. O impacto social, econômico e ambiental é profundo, especialmente para comunidades que dependiam diretamente da agricultura irrigada e da biodiversidade local.
Em sua fala, o secretário criticou a ausência de representantes de outros municípios do Vale do Açu que, segundo ele, deveria estar unido em defesa do território.
“Nosso vale representa 12 municípios. Era para estarmos todos aqui: prefeitos, secretários, técnicos. Este encontro não é qualquer evento é um espaço estratégico para buscarmos soluções conjuntas diante dessa situação tão preocupante para a nossa natureza”, enfatizou.
Carnaúba como símbolo e missão
Emocionado, o secretário também destacou a importância simbólica da carnaúba, árvore que dá nome à cidade de Carnaubais e que representa um elo profundo entre a cultura local e o ecossistema da Caatinga.
“Quando falo em reflorestar Carnaubais, estou falando em replantar nossa identidade, nossa história. A carnaúba é nossa árvore-mãe. Está no nome da cidade, está na entrada, nas avenidas. Algumas não resistiram, mas está na minha meta pessoal plantar mais e cuidar. Replantar carnaúba é replantar nossa mata nativa.”
O secretário elogiou a fala do professor Raimundo Inácio, que apresentou dados sobre a perda da vegetação de carnaubeiras na região, e reforçou que esse esforço precisa ser coletivo e contínuo. Como exemplo, compartilhou que, durante a Semana do Meio Ambiente, a equipe da secretaria plantou 60 mudas na cidade e que já está prevista a plantação de mais 60 nos próximos dois meses.
“Enquanto eu estiver à frente da secretaria, vamos plantar, cuidar e resistir. É o mínimo que podemos fazer pela nossa terra, pelas futuras gerações e pela memória do que fomos e ainda podemos ser”, concluiu.
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