Manifesto foi feito por associação
Médicos defendem medicamentos
Nenhum tem eficácia comprovada
Alguns dos principais jornais impressos brasileiros publicaram nesta 3ª feira (23.fev.2021) um informe publicitário com um manifesto favorável ao “tratamento precoce” contra o coronavírus.
A publicação foi assinada pela Associação de Médicos pela Vida, com sede em Recife. Ocupou meia página de pelo menos 8 jornais. Alguns deles são: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de Minas, Jornal do Commercio, Zero Hora, Jornal Correio, Correio Braziliense e O Povo.
O manifesto é assinado por assinado por 2.122 e é direcionado à sociedade brasileira, aos médicos, órgãos de imprensa, aos Conselhos Regionais de Medicina e ao Conselho Federal de Medicina.
O grupo de médicos que recomenda o tratamento precoce contra a covid-19 com base em estudos científicos a pacientes, prestando esclarecimentos e reconhecendo o “consentimento livre” dos mesmos. “A relação médico-paciente é aberta e de confiança: ambas as partes devem estar de acordo com a terapêutica proposta”, dizem no manifesto.
Entre as pesquisas citadas está o levantamento realizado por 23 cientistas em uma das revista The American Journal of Medicine, em que se afirma que não é uma droga única, mas um conjunto de medicamentos que têm sido eficazes em alguns casos para evitar novos internamentos e mortes. Segundo o manifesto, essa escolha médica diminui o número de internações, reduz da sobrecarga do sistema hospitalar, previne complicações pós-infecção e reduz do número de óbitos.
“Destacamos que a abordagem precoce não se trata apenas do uso de uma ou outra droga, mas da correta combinação de medicações como a hidroxicloroquina, a ivermectina, a bromexina, a azitromicina , o zinco, a vitamina D, anti-coagulantes entre outras, além dos corticoides que têm um momento certo para sua utilização nas fases inflamatórias da doença, sempre observando-se a adequação das combinações ao estado e evolução de cada paciente, que será acompanhado extensivamente inclusive com a realização de exames conforme necessários, e a recomendação de intervenções não farmacológicas, como a fisioterapia”, cita um trecho da publicação. “Definitivamente, não é uma promessa de ‘cura fácil’, posto que lidamos com uma doença nova e de difícil manejo quando se agrava”, afirmam os médicos em outro trecho.
Os médicos também citam o artigo 32 do Código de Ética Médica, que considera “infração grave deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente”.
Até o momento, nenhum medicamento teve eficácia comprovada para o tratamento da covid-19, inclusive para pessoas que não necessitam de internação hospitalar, ou seja, têm sintomas leves da doença. As vacinas e as medidas de distanciamento social são as únicas formas efetivas para prevenir a doença.
Sobre o caso, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) afirmou não ter uma posição específica. “Mas defende naturalmente, a liberdade de expressão, que vale também para essa nota”.
Procurada para comentar o manifesto, a AMB (Associação Médica Brasileira) reforçou a informação de que “as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no tratamento precoce para a covid-19 até o presente momento”.
“Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em curso. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil”, afirma.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirmou que abordou o tratamento precoce para covid-19 no parecer 4/2020 (íntegra – 2BM), no qual defende a autonomia dos médicos e que cabem a eles decidirem qual tratamento é adequado, desde que com a concordância do paciente portador de covid-19, esclarecendo que não existe benefício comprovado no tratamento farmacológico dessa doença e obtendo o consentimento livre e esclarecido.
“O ponto fundamental que embasa o posicionamento do CFM é o respeito absoluto à autonomia do médico na ponta de tratar, como julgar mais conveniente, seu paciente; assim como a autonomia do paciente de querer ou não ser tratado pela forma proposta pelo médico assistente”, disse em nota.
“Vale lembrar que a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido, como é o caso da covid-19, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM que permite o uso de medicações off label”, acrescenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário