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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Jornais publicaram anúncio pago de “tratamento precoce” contra covid-19

 Manifesto foi feito por associação

Médicos defendem medicamentos

Nenhum tem eficácia comprovada

Páginas dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Jornal do Commercio com o manifesto a favor do tratamento precoce

Alguns dos principais jornais impressos brasileiros publicaram nesta 3ª feira (23.fev.2021) um informe publicitário com um manifesto favorável ao “tratamento precoce” contra o coronavírus.

A publicação foi assinada pela Associação de Médicos pela Vida, com sede em Recife. Ocupou meia página de pelo menos 8 jornais. Alguns deles são: O Globo, Folha de S. Paulo, Estado de Minas, Jornal do Commercio, Zero Hora, Jornal Correio, Correio Braziliense e O Povo.

O manifesto é assinado por assinado por 2.122 e é direcionado à sociedade brasileira, aos médicos, órgãos de imprensa, aos Conselhos Regionais de Medicina e ao Conselho Federal de Medicina.

O grupo de médicos que recomenda o tratamento precoce contra a covid-19 com base em estudos científicos a pacientes, prestando esclarecimentos e reconhecendo o “consentimento livre” dos mesmos. “A relação médico-paciente é aberta e de confiança: ambas as partes devem estar de acordo com a terapêutica proposta”, dizem no manifesto.

Entre as pesquisas citadas está o levantamento realizado por 23 cientistas em uma das revista The American Journal of Medicine, em que se afirma que não é uma droga única, mas um conjunto de medicamentos que têm sido eficazes em alguns casos para evitar novos internamentos e mortes. Segundo o manifesto, essa escolha médica diminui o número de internações, reduz da sobrecarga do sistema hospitalar, previne complicações pós-infecção e reduz do número de óbitos.

“Destacamos que a abordagem precoce não se trata apenas do uso de uma ou outra droga, mas da correta combinação de medicações como a hidroxicloroquina, a ivermectina, a bromexina, a azitromicina , o zinco, a vitamina D, anti-coagulantes entre outras, além dos corticoides que têm um momento certo para sua utilização nas fases inflamatórias da doença, sempre observando-se a adequação das combinações ao estado e evolução de cada paciente, que será acompanhado extensivamente inclusive com a realização de exames conforme necessários, e a recomendação de intervenções não farmacológicas, como a fisioterapia”, cita um trecho da publicação. “Definitivamente, não é uma promessa de ‘cura fácil’, posto que lidamos com uma doença nova e de difícil manejo quando se agrava”, afirmam os médicos em outro trecho.

Os médicos também citam o artigo 32 do Código de Ética Médica, que considera “infração grave deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente”.

Até o momento, nenhum medicamento teve eficácia comprovada para o tratamento da covid-19, inclusive para pessoas que não necessitam de internação hospitalar, ou seja, têm sintomas leves da doença. As vacinas e as medidas de distanciamento social são as únicas formas efetivas para prevenir a doença.

Sobre o caso, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) afirmou não ter uma posição específica. “Mas defende naturalmente, a liberdade de expressão, que vale também para essa nota”.

Procurada para comentar o manifesto, a AMB (Associação Médica Brasileira) reforçou a informação de que “as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no tratamento precoce para a covid-19 até o presente momento”.

“Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em curso. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil”, afirma.

O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirmou que abordou o tratamento precoce para covid-19 no parecer 4/2020 (íntegra – 2BM), no qual defende a autonomia dos médicos e que cabem a eles decidirem qual tratamento é adequado, desde que com a concordância do paciente portador de covid-19, esclarecendo que não existe benefício comprovado no tratamento farmacológico dessa doença e obtendo o consentimento livre e esclarecido.

“O ponto fundamental que embasa o posicionamento do CFM é o respeito absoluto à autonomia do médico na ponta de tratar, como julgar mais conveniente, seu paciente; assim como a autonomia do paciente de querer ou não ser tratado pela forma proposta pelo médico assistente”, disse em nota.

“Vale lembrar que a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido, como é o caso da covid-19, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM que permite o uso de medicações off label”, acrescenta.

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