
Os
flagrantes mostram os supostos cadeirantes fajutos em pé, o que
demonstraria que eles não precisariam daqueles espaços, que são
falsários, aproveitadores, crápulas e tudo mais.
Já li
até que a polícia vai investigar as imagens do que estão sendo
considerados “milagres do Mundial”. Bem, antes de descascar a melancia
nessas pessoas, é preciso fazer algumas considerações:
- Nem
toda pessoa que precisa de uma cadeira de rodas está totalmente
impossibilitada de ficar em pé. Há deficiências que não permitem a
marcha, por exemplo, e a pessoa tem a cadeira como um suporte.
- Pessoas em recuperação de um pé quebrado, de uma perna em frangalhos podem fazer uso de cadeiras de rodas e podem ficar em pé.
- Pessoas com órteses que dão sustentação aos membros inferiores podem usar cadeiras de rodas e podem também ficar em pé.
“Tio Jairim, cê bebeu todas na festa junina, né?”
Sim,
mesmo com todas essas considerações preciso admitir que haja reais
aproveitadores na turma, por mais que me doa “as partes” imaginar o
seguinte roteiro:
Primeiro,
a pessoa mentiu uma condição física para comprar o ingresso, depois,
ela deu um jeito de arrumar uma cadeira de rodas, em seguida, ela passou
por uma revista e pelos olhares dos fiscais numa boa para manter a sua
mentira…
É possível tudo isso?
É triste
imaginar que sim. É triste, a partir de agora, uma pessoa com uma
necessidade legítima de um lugar com características diferentes seja
olhada torto devido à ação nojenta de gente indigna de receber o título
de “civilizada”.
Exemplo de imagem com suposta “cadeirante fajuta” que circula pelas redes socias
Quando
se grita pelos flagrantes desrespeitos aos direitos do povo “malacabado”
está se externando a discussão de ampliar a visibilidade e as
informações sobre as diferenças.
Os
cadeirantes fajutos são fruto de uma sociedade que dá as costas para
pressionar com vigor por mais educação, por mais respeito à diversidade,
por mais cidadania.
Todas as
vezes que eu preciso provar que sou do time dos quebrados, me
apoquento, fico #xatiado e considero o fim do mundo. Seria desnecessário
medidas assim, caso o ser humano fosse um tiquinho menos egoísta,
tivesse mais consciência sobre demandas dos outros.
Mais do
que a polícia descobrir se esses torcedores desonraram milhares de
pessoas com deficiência e a Justiça condená-las por falsidade ideológica
(seria isso, amigos juristas?), é chance de todos os brasileiros
refletirem sobre a carência de contato e conhecimento básico em relação
às diferenças físicas.
Aos
cadeirantes, também fica a reflexão de que a percepção de que “não se
usa” a vaga determinada, o ingresso reservado, o emprego da cota está
ganhando terreno e fomentando, cada vez mais, o oportunismo.
Dessa
maneira, temos de enfrentar com o “carão” e com a coragem todas as
flagrantes adversidades desse país para que larápios não se achem no
direito de nos atropelar.. mais uma vez.
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